Análise crítica sobre os "Chapas"

 Análise crítica

Os “chapas” são muitas vezes encarados como um problema que deve ser expurgado. No entanto este sistema tem repetidamente mostrado os seus méritos, conseguindo ser rentável onde outras formas de transporte mais populares são ineficientes. Muitas vezes apontada como sendo parte do problema, os “chapas” têm sido, até agora, a solução possível para um problema complexo. 

Os “chapas” reúnem um conjunto de vantagens assinaláveis: 

  • São uma solução que partiu da base. Nasceu do empreendedorismo de pessoas com posses reduzidas e que aproveitaram uma forma de lucrarem com uma oportunidade de negócio que identificaram; 
  • Rapidez. A velocidade comercial de uma “chapa” é muito mais elevada que a dos autocarros dos Transportes Públicos de Maputo (TPM); 
  • Preço. Apesar de ajudados pelo Estado e cada vez menos rentáveis, os “chapas” continuam a manter um preço razoável, em linha com os praticados pelos TPM, sendo o mesmo para os trajecto inferiores a 9 km (5 meticais) e 50% mais caros para distâncias superiores (7,5 meticais); 
  • Frequência. A frequência é provavelmente o factor decisivo do “chapas” face aos TPM, uma vez que, apesar de com horários irregulares, asseguram ligações muito mais frequentes que os seus concorrentes públicos; 
  • Operam em função da procura. Os “chapas” caracterizam-se por acompanharem de forma eficiente as alterações da procura. Um aumento dessa procura leva ao aparecimento de mais veículos em circulação e, no dia-a-dia, os operadores dos “chapas” apenas arrancam quando têm o veículo lotado ou estão seguros de que irão encontrar passageiros durante a vigem. Esta última característica não é positiva para os utentes, que são obrigados a períodos de espera maiores, mas do ponto de vista económico esta é uma prática aceitável. 
  • Foco na eficiência. O rendimento do condutor é proporcional à forma como este trabalha. Daqui resulta que tanto o cobrador como o condutor exercem a sua profissão de uma forma extremamente enérgica. Este conceito de remuneração com base nos resultados é uma novidade em Moçambique; 
  • Menor investimento inicial. Os “chapas” envolvem um investimento menor na compra dos veículos que o exigido pelos “machimbombos” ou qualquer forma de transportes em carris; 
  • Promotor de emprego. Estima-se que o sistema empregue directamente cerca de 14.000 pessoas. A este número podem ainda ser acrescentados todos os indivíduos indirectamente relacionados com o funcionamento dos “chapas” (mecânicos, membros da FEMATRO  e outras associações); 
  • Auto-sustentabilidade. Até ao aumento galopante do preço dos combustíveis, os operadores não necessitavam de ajuda externa, conseguindo atingir níveis de rentabilidade satisfatórios, o que aconteceu à custa dos passageiros, com o encurtamento das rotas, em violação das regras estabelecidas. Actualmente, mesmo com um maior apoio público, os “chapas” mantêm muita da sua independência;

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