O cumprimento de normas de segurança e conforto dos passageiros

No que respeita a segurança, os transportes públicos de Maputo, apresentam as piores condições para acolherem passageiros, vejamos em seguida:

  • Concentrados no lucro fácil. Os “chapas” exploram quase exclusivamente as vias mais movimentadas e em melhores condições e evitam circular em rotas de menor procura ou em piores condições. Desta forma extraem o maior lucro no menor número de deslocações. É fácil entender que esta forma de transporte não tem como finalidade assegurar um serviço adequado às necessidades das populações, as quais têm de fazer grandes deslocações a pé para poder apanhar o “chapa” nas vias principais. Por outro lado é seguro dizer que estes veículos tiram pouco proveito das suas características. Sendo veículos pequenos e flexíveis, podem circular em vias onde o acesso é impossível aos grandes autocarros. Em lugar de existir de uma complementaridade, existe apenas concorrência, nas mesmas rotas e ao mesmo tempo; 
  • Viaturas em mau estado. Como consequência da filosofia de custos mínimos, a manutenção feita ao veículo tem por objectivo mantê-lo em condições mínimas de circulação. Os problemas mais comuns e facilmente detectáveis são os vidros com falhas, faróis e retrovisores partidos, a carroçaria amolgada, portas que fecham mal, estofos interiores rotos, etc. Porém, é também frequente a circulação de veículos com problemas mais graves ao nível da direcção e dos travões; 
  • Irregulares, inadequados e não fiáveis – os “chapas” não obedecem a horários definidos. Limitam-se a concentrarem-se nas estações de origem e esperam que os passageiros vão chegando. O condutor só começa a viagem quando o veículo estiver cheio, ou se estiver seguro de que irá apanhar passageiros pelo caminho.  Quando um “chapa” vai completamente lotado, é frequente o condutor encurtar a viagem, largando os passageiros numa paragem intermédia e voltando trás para apanhar aqueles que não conseguiu levar da primeira vez; 
  • Lotação e conforto. Apesar de cada veículo ter uma lotação determinada, esta é sistematicamente ultrapassada, quer seja por irem mais pessoas sentadas do que seria suposto, quer por irem alguns passageiros junto da porta de acesso do veículo onde não existe um espaço próprio para que isso aconteça; 
  • Segurança e má condução. Os “chapas” são provavelmente o elemento mais perigoso das estradas moçambicanas. Os seus condutores circulam a velocidades elevadas quando as vias estão desimpedidas, fazem frequentemente manobras perigosas para irem alcançar um passageiro na berma da estrada, etc. São frequentes os atropelamentos de transeuntes por “chapas” ou quedas de passageiros. Mais recentemente, devido ao aumento do preço da gasolina e a correspondente diminuição do lucro, os condutores viram-se na necessidade de conduzir mais horas, aumentando assim os seus índices de fadiga e, por consequência, a probabilidade de ocorrerem acidentes. O estado de manutenção dos veículos e a sua sobrelotação também aumentam a taxa de mortalidade em caso de acidente; 
  • Insustentabilidade do sistema. A cidade de Maputo já começa a sentir problemas de congestionamento, se bem que com pouca intensidade. No entanto, com o aumento da utilização de veículos privados, este problema deve agravar-se nos próximos anos. E uma menor fluidez do trânsito diminuirá ainda mais as margens de lucro dos “chapas”, os quais se verão na necessidade de subir as tarifas com maior frequência. Como os protestos de 2008 provaram, essa situação irá provocar um descontentamento da maioria da população que depende dos transportes paras as suas deslocações diárias.

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